Para quem vive um pouco fora da realidade da freguesia de Loriga e do concelho de Seia pode achar o tema despropositado mas…
É obvio que aqui não se pretende o surgimento de um movimento separatista, claro que não. As pessoas que subscrevem a petição, todos digo, tirando talvez uma, que nem me atrevo a identificar, por não ser necessário, não são imbecis nem ignorantes, aliás a tendência nesta conjuntura é para a fusão de concelhos e não a criação de novos. Muito menos o de Loriga, que infelizmente e actualmente não reúne os requisitos essenciais para essa pretensão.
Mas vejamos, o que norteia esta ideia? Este movimento? Esta afirmação?
Sem duvida, aquilo que já foi referido mas muito mais questões, aliás que passam ao lado de quem habita fora daqui, pois mesmo gostando da sua terra, mesmo tendo bons informadores, não conseguem assistir e estar ao corrente de todas as situações.
Repito não há qualquer intenção separatista, pois até estamos bem no concelho de Seia, mas as politicas executadas pelo município ao longo destes anos todos, pelo menos depois do 25 de Abril têm sido desastrosas para a maioria das freguesias do concelho, bem como para o próprio município.
Pode inclusive afirmar-se que a má gestão centralista do município contribuiu e muito para o estado actual, com gravíssimos problemas e um constante esvaziamento de actividade económica e populacional.
Seja pois entendido este movimento peticionário como um protesto acima de tudo pelo abandono a que a maior parte das freguesias do concelho, principalmente as freguesias do alto município, que actualmente constituem a associação de freguesias da Serra da Estrela têm sido votadas.
Vou dar alguns exemplos:
E os interesses das Populações e a Politica do Parque Natural da Serra da Estrela?
Porque é que as ruas de Seia que também é uma freguesia e com muito mais receitas que as outras, quem limpa e quem repara são os funcionários da Câmara, que são aos magotes. Quem lhes paga, são todos os munícipes, e nas outras freguesias? O homem da junta é pago com muita dificuldade com os magros orçamentos das freguesias. Assim pode a Junta de Seia oferecer presentes aos seus funcionários pelo Natal, é justo?
Mais haveria para dizer... Quem paga as festas em Seia? E nas outras freguesias? Porque é que o CISE ficou em Seia, quando poderia crescer e desenvolver-se num sítio mais adequado à sua função, podendo fixar pessoas noutros locais e promover as potencialidades de áreas mais deprimidas?
Quem paga eventos culturais caros destinados a elites, cujo conteúdo nada tem a ver com a realidade cultural do nosso concelho e que praticamente nenhum retorno trazem, não se apoiando ou dinamizando a nossa cultura e as nossas tradições, essas sim genuínas e capazes de atrair a baixo custo gentes, desenvolvendo as nossas freguesias, o nosso concelho.
Porque se atafulha o edifício do Município com uma enorme quantidade de funcionários muitos deles sem nada para fazer e porque esses postos de trabalho não são deslocalizados para as freguesias, dando ocupação útil e rentabilizando esses trabalhadores, contribuindo assim para a fixação de pessoas nas freguesias.
As freguesias não devem apenas servir como postal, como imagem como justificação de área para arrecadar receitas. As freguesias, cada uma com potencialidades genuínas, únicas e próprias devem ser apoiadas.
Ganharemos todos, ganham as freguesias, ganha o Município de Seia.
O que vemos actualmente? Assistimos a passos largos ao definhamento das freguesias e como não poderia deixar de ser ao definhamento do próprio concelho.
Acreditamos no novo presidente do Município, é muito mais sensível a estas questões, sabemos que a conjuntura é terrível, mas por vezes o dinheiro não é tudo e com os recursos mesmo pequenos, distribuídos e geridos harmoniosamente será possível às freguesias desenvolver projectos, ideias e contribuir para um concelho melhor.
Às vezes a solidariedade pedida ao município até pode dispensar o dinheiro, às vezes o apoio requerido até pode moral, uma palavra, uma afirmação, isso torna-se muito mais importante que o dinheiro.
Solidariedade, igualdade, equidade, justiça.
Os subscritores
Um comentário:
Assino por baixo Pedro.
O centralismo tem criado imensas desigualdades e desiquilibrios, promovendo a desertificação e o abandono das localidades mais emblemáticas do sudoeste do concelho e matando à nascensa qualquer projecto que possa põr em causa essa tendência centralista.
Mas não basta indignarmo-nos... é preciso agir, participando nos órgãos próprios e denunciando as situações, quer nas Assembleias de Freguesia, quer nas Municipais, criando movimentos cívicos como este e outros que possam vir a surgir. Pela minha parte, podem contar, nnão só com o apoio, como também para qualquer acção onde eu possa colaborar.
Vamos em frente...Por Loriga!
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